Mais de 600 espécies de invertebrados

Os trabalhos de inventariação de invertebrados já permitiram confirmar mais de 625 espécies no concelho de Lousada. As listagens são maioritariamente de insetos (borboletas, escaravelhos, abelhas, libélulas e libelinhas, entre outros), mas incluem ainda aranhas, lesmas e caracóis, bichos-de-conta, mil-pés, centopeias e outros grupos de organismos.
As amostragens científicas estão em curso desde março de 2021, tendo-se iniciado com o estudo das borboletas noturnas na Mata de Vilar, quando em apenas nove sessões se identificaram 1893 indivíduos de 244 espécies diferentes. Face à riqueza de registos e à escassez de conhecimento sobre estes grupos de animais, a autarquia resolveu alargar o estudo a todo o concelho e conta agora com a parceria do Museu de História Natural da Universidade do Porto para acompanhar e validar todas as identificações. Os estudos feitos em Lousada já permitiram detetar registos muitos raros, ou mesmo espécies novas para Portugal. Por exemplo, o besouro Lachnaia gallaeca (família Chrysomelidae) havia sido descoberto em 2007 em Madrid, Espanha. Até ao momento, esta espécie era apenas conhecida para essa região. No entanto, a 18 de abril de 2022, na freguesia de Lustosa, foi identificado um exemplar, que constituiu assim o primeiro registo da espécie em Portugal.
Dias mais tarde, a 28 de abril, foi efetuada uma segunda observação da espécie no Monte dos Maragoutos. Por ser uma espécie recentemente descrita para a ciência, ainda não são bem conhecidos os seus hábitos e ecologia. No entanto, tanto em Espanha como em Portugal, foi sempre encontrada em zonas com bastante vegetação arbustiva como giestas, maias ou estevas e sempre perto de carvalhos, pelo que se pode assumir que este besouro se alimenta de pelo menos uma destas plantas.
O conhecimento básico da distribuição e dos hábitos das espécies são fundamentais para que se tomem decisões de gestão do território com consciência ecológica, tendo em mente a importância destes organismos para a nossa própria qualidade de vida. Embora passem muitas vezes despercebidos, os invertebrados têm papéis ecológicos de enorme importância para todos nós, ao permitirem, por exemplo, o controlo de pragas e doenças, a reciclagem de nutrientes e, logo, a fertilidade dos solos, a depuração da água, a polinização e reprodução das plantas, entre muitos outros serviços.