“Seja Diferente, não seja Indiferente”
Teve lugar no dia 30 de março o encontro “Seja Diferente, não seja Indiferente”, cujo objetivo centrou-se na promoção de uma comunidade verdadeiramente inclusiva.
A iniciativa foi da Equipa Terapêutica do Agrupamento de Escolas de Lousada em parceria com o Município de Lousada, e pretendeu criar um espaço de reflexão acerca do tema da empregabilidade das pessoas com deficiência, em contexto escolar e laboral.
Após as boas-vindas por parte do Diretor do Agrupamento de Escolas de Lousada, Dr. Filipe Silva, a primeira intervenção esteve a cargo da Dra. Maria Helena Alves, do Instituto Nacional para a Reabilitação, que falou sobre “Uma Questão de Direito”, relativamente às pessoas com deficiência. Aliás, de acordo com a especialista, “o conceito de deficiência tem vindo a ser alterado ao longo do tempo”. Na sua apresentação foi destacada “a importância do período de transição entre a saída da escola e o ingresso no mercado de trabalho, em que mais do que saber fazer é o saber estar e o saber ser que mais importam para os jovens nesta situação. Por isso mesmo, o papel das famílias é fundamental em todo este processo”. De acordo com a Dra. Maria Helena Alves “existe um valor acrescentado do trabalhador com deficiência quer para o próprio quer para a entidade que o acolhe”.
Seguiu-se a apresentação “Do Balcão da Inclusão… às Medidas de Empregabilidade vs Ocupação”, pelas técnicas do Município, Dra. Virgínia Machado e pela Dra. Regina Pacheco. O Balcão da Inclusão está disponível e direcionado para diversas problemáticas e tem como missão promover os direitos das pessoas com deficiência. Neste âmbito, é de salientar a importância das pessoas, das famílias e das empresas, bem como das instituições sociais, encontrando-se este Balcão habilitado para a criação de pontes para a satisfação de todos, através da disponibilização de informação de diversas temáticas.
O “Enquadramento do PIT. Do enquadramento ao desenvolvimento de um PIT. Desenvolvimento de práticas na escola. Algumas propostas de práticas em contexto escolar” foi o tema apresentado pelo Dr. Augusto Sousa, Psicólogo. O Plano Individual de Transição (PIT) deve ser concertado entre os vários atores, e o sucesso depende dos laços de cooperação que se estabelecem. Por isso, os estágios de sensibilização e aprendizagem na comunidade e em contexto de empresa são essenciais. O Dr. Augusto Sousa defendeu que “existem princípios de transição para a vida adulta, que devem ser tidos em linha de conta e que os esforços de integração devem começar o mais cedo possível, sendo a participação do aluno crucial, bem como da família, de modo a que o processo seja bem-sucedido.” Deixou ainda como desafio a constituição de redes de empregabilidade no território.
A Dra. Mónica Carvalho, Psicóloga e representante da ACIP, abordou “A visão de uma Instituição: a Casa da Boavista”. Trata-se de um projeto com foco na comunidade e que tem como objetivos “criar serviços personalizados que promovam e potenciem a capacitação, o empoderamento, a qualidade de vida e a inclusão”. Desde a inclusão de jovens PIT, a orientação das medidas para a vida, à resposta em Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão, a ACIP demonstrou ser uma instituição de referência na promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Seguiram-se testemunhos de empresários, nomeadamente de Mafalda dos Santos Monteiro da Univerplast, e Marta Teixeira da Moto Teixeira. A representante da Univerplast destacou que é política da empresa, desde há cerca de 15 anos, a participação de jovens com deficiência na realização de tarefas que permitem a manutenção da produção de forma constante. Assim, considera a participação destes importante para a empresa, bem como para as próprias pessoas com deficiência que se encontram inseridas em contexto de trabalho, sendo compensados por tal. Também a Moto Teixeira tem tido uma política de inserção de estagiários, no âmbito do PIT, tendo já contratado um dos jovens alvo do referido estágio.
Juntaram-se ainda os testemunhos dos ex-alunos Octávio Bessa e José Fernando. Tratam-se de dois percursos de vida distintos, estando um deles integrado em mercado de trabalho e o outro à procura de uma oportunidade.
O encerramento do encontro foi feito pela Vereadora da Ação Social, Igualdade e Inclusão, Dra. Maria do Céu Rocha, que começou por salientar que “as pessoas com deficiência são extremamente válidas para a sociedade, por isso, devemos incentivar a sua inclusão no mercado de trabalho”. A Vereadora destacou também que este encontro “cumpriu os objetivos iniciais, na medida em que pudemos partilhar experiências, resultados e desafios que a escola, instituições e Município se deparam, tentando sempre melhorar a vida das pessoas. Por isso, sejamos diferentes, mas não sejamos indiferentes ao que se passa à nossa volta”.
A Dra. Maria do Céu Rocha deixou um agradecimento a todos os que contribuíram para que o encontro se realizasse, de forma tão enriquecedora.