Protocolo para Bolsa de Cuidadores Formais
Foi assinado na passada sexta-feira, dia 14, o protocolo de parceria entre a Câmara Municipal e a Santa Casa da Misericórdia de Lousada (SCML), cujo objetivo passa pela criação de uma bolsa de cuidadores formais, designado como “Lousada Cuida”.
Esta é uma resposta inovadora para criar uma Bolsa de Cuidadores e algumas das medidas de apoio do Centro de Apoio ao Cuidador Informal de Lousada (CACIL), que tem como objetivo implementar respostas de apoio social dirigidas aos cuidadores informais.
Os princípios básicos passam por criar substitutos dos cuidadores informais, permitindo que quem cuida tenha tempo disponível para si. Assim, pretende-se criar uma bolsa de profissionais que substitua o cuidador pelo menos uma vez por semana, para que este possa sair de casa e realizar as suas necessidades pessoais. O apoio da autarquia, de mil euros mensais, vai permitir assegurar esta resposta social, uma vez que os restantes apoios ao cuidador informal e respetiva equipa técnica do CACIL são assegurados pela SCML.
Para o Presidente da Câmara, Dr. Pedro Machado, a “sociedade foi relativizando o papel dos cuidadores informais ao longo dos anos. Este é, sem dúvida, um problema, a que o Estado está a dar atenção. A nível local a Santa Casa da Misericórdia de Lousada percebeu a dimensão da problemática e, há cerca de dois anos, pensou numa resposta social direcionada aos cuidadores”.
O autarca destacou ainda que “por tudo isto este protocolo firmado é de importância extrema, apoiando os cuidadores que merecem toda a admiração e respeito pela dedicação que têm aos outros”.
Fruto do trabalho desenvolvido foi apresentada uma candidatura que não foi aprovada. Neste momento existe a possibilidade de ter um cuidador formal ao serviço dos cuidadores informais. Por isso, como salienta o Dr. Pedro Machado “a autarquia associou-se a este projeto através de um contributo mensal de mil euros para que a Santa Casa da Misericórdia possa dar este apoio de retaguarda em situações que seja necessário”.
Para o Provedor da SCML, Eng. Bessa Machado, “este e um grande projeto e está a ser dado um passo muito importante a que a Câmara se associou. Gostávamos que outras entidades se juntassem a esta iniciativa. O facto é que ainda existem situações dramáticas de cuidadores que ficam isolados, não tendo conhecimento sequer dos apoios a que têm direito”.
Mais de 300 cuidadores informais em Lousada
De acordo com dados avançados pela Santa Casa da Misericórdia de Lousada, o CACIL, desde que iniciou atividade, em 2019, identificou no concelho 333 cuidadores informais. Destes, a equipa aplicou protocolo de entrevista e avaliação a 218 cuidadores principais.
Em 2020 foram ainda abertos novos processos de acompanhamento a outros 63 cuidadores, que, cumulativamente aos 40 que transitaram de 2019, perfazem 103 processos com plano de intervenção.
Considerando o diagnóstico realizado, 61.5% dos cuidadores apresentam sobrecarga intensa e 20.2% sobrecarga ligeira e apenas os restantes não apresentam níveis de sobrecarga. Este indicador revela a necessidade premente de intervenção junto dos cuidadores informais, uma vez que a sobrecarga social, física e psicológica é impactante quer na prestação de cuidados quer ao nível da saúde e bem-estar do cuidador, acrescendo outros problemas e podendo comprometer a continuidade da prestação de cuidados e a necessidade da institucionalização e consequentemente o aumento dos encargos do estado.
Aferiu-se ainda que no que respeita à regularidade na prestação de cuidados 96.4% fá-lo diariamente e apenas 3.6% exerce a função em dias alternados. No que respeita ao número de horas diárias necessárias à garantia dos cuidados 47.8% dos cuidadores, presta cuidados durante 13 a 24 horas diárias e destaca-se ainda o facto de 21.1% estar 24 horas por dia com a pessoa cuidada e 23.5% exercem sua função durante 7 a 12 horas/dia.